Prepare-se para uma noite de arte, cultura e resistência! O Coletivo Frente Negra Ribeirão das Neves realiza no próximo sábado, 21 de junho, a partir das 18h, a segunda edição do "Sarau Antirracista: (R)Existo!". O evento acontecerá no Parque Ecológico de Neves (R. Libério Augusto Guimarães, 892 - Várzea Alegre, Ribeirão das Neves).
A data escolhida para o sarau é duplamente significativa, pois celebra o aniversário de duas figuras lendárias da cultura negra brasileira: Luiz Gama (1830-1882), notável jornalista, escritor e advogado abolicionista, e Machado de Assis (1839-1908), um dos maiores nomes da literatura brasileira, com sua vasta obra como escritor, jornalista, contista, cronista, dramaturgo e poeta. Uma fonte inesgotável de inspiração para a luta antirracista!
O Sarau " (R)Existo!" é uma idealização de Andréia A. de Jesus, com realização do Frente Negra Ribeirão das Neves e Selo Akoma Ntoso, e conta com o apoio de Ribeirão das Luzes.
O ex-prefeito de Ribeirão das Neves, Junynho Martins, foi oficialmente nomeado nesta segunda-feira (16) como Secretário Executivo da Casa Civil do Estado de Minas Gerais. A nomeação acontece após atuar como subsecretário desde janeiro deste ano no governo estadual.
A Secretaria Executiva da Casa Civil é considerada uma das funções de maior responsabilidade na estrutura administrativa do Estado. Ela desempenha um papel crucial na coordenação política e administrativa do governo, atuando como elo direto entre o Gabinete do Governador, as demais secretarias, a Assembleia Legislativa e os diversos órgãos públicos estaduais.
A principal missão do secretário executivo é estratégica: assegurar que as decisões do governo sejam bem articuladas, com sólido embasamento jurídico e viabilidade política. Além disso, o titular da pasta é responsável por acompanhar de perto os projetos prioritários da administração e a agenda legislativa.
A interrupção do transporte escolar em Ribeirão das Neves tem gerado sérias dificuldades para os alunos da Escola Estadual Manoel Martins de Melo, especialmente para aqueles que residem no bairro Alto dos Menezes. O problema foi novamente evidenciado na última segunda-feira (16/06/2025) durante uma visita da Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).
A deputada Beatriz Cerqueira (PT), presidenta da comissão, ouviu relatos comoventes da comunidade sobre os desafios enfrentados diariamente. Anteriormente, um percurso de 2 km, que levava 20 minutos de ônibus, agora exige uma caminhada de 50 minutos. Maria Luíza dos Santos, aluna do 9º ano, descreveu a árdua jornada de ida e volta, carregando uma mochila pesada e enfrentando ladeiras. A situação se agrava em dias de chuva, quando as ruas de terra do bairro ficam enlameadas.
A falta de transporte tem levado ao cansaço, desmotivação e queda no desempenho escolar. Mães relatam que os filhos chegam atrasados, perdem a concentração e, em muitos casos, faltam às aulas, o que pode inclusive impactar o recebimento do Bolsa Família. Para Juliete Duarte de Freitas, mãe de uma aluna do 7º ano, a situação é dolorosa: "O coração da gente parte por dentro. Para não chorar perto dos meninos, a gente tem que chorar no quarto, escondido."
Algumas famílias conseguem arcar com o custo de R$ 180 mensais de uma van escolar, mas a maioria não tem condições.
A interrupção do serviço, sem consulta prévia à comunidade, gerou revolta. Quase seis meses após o início do ano letivo, ainda não há uma solução. A deputada Beatriz Cerqueira atribui a origem do problema ao projeto "Mãos Dadas", que municipalizou a gestão de escolas estaduais em Ribeirão das Neves sem um planejamento adequado. "Estado e município ficam empurrando a responsabilidade um para o outro", explicou a parlamentar, que classificou a situação como "criminosa" e prometeu continuar cobrando providências, incluindo uma visita ao prefeito e uma nova audiência pública.
Posicionamento da Prefeitura de Ribeirão das Neves
Em resposta, a Secretaria Municipal de Educação de Ribeirão das Neves reitera que, conforme o Artigo 10 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei nº 10.709, de 31.7.2003), o transporte escolar de alunos da rede estadual é de responsabilidade do Governo do Estado.
A prefeitura destaca que atualmente não há convênio entre o Estado de Minas e o município para a prestação desse serviço.
A Secretaria enfatiza que assumir essa obrigação sem o devido repasse de recursos pelo Governo do Estado, que já recebe verbas específicas para a gestão de alunos da rede estadual via FUNDEB, poderia gerar impactos financeiros e questionamentos legais para o município. A prefeitura também ressalta que não houve convite para a participação de servidores municipais em audiência pública, visto que a ALMG já estaria ciente da responsabilidade exclusiva do Governo Estadual.
A situação continua sem solução, deixando centenas de alunos e suas famílias em uma posição vulnerável, aguardando que Estado e município cheguem a um acordo para garantir o direito básico ao transporte escolar.
A Via Cristais, concessionária responsável pelo trecho da BR-040 entre Belo Horizonte (MG) e Cristalina (GO), uma subsidiária da VINCI Highways, está com sua equipe mobilizada para uma operação reforçada durante o feriado prolongado de Corpus Christi, celebrado em 19 de junho.
A expectativa é que cerca de 280 mil veículos trafeguem pelos quase 600 km da Rota dos Cristais, e a concessionária promete atendimento 24 horas para garantir a segurança e o conforto dos motoristas.
O quadro de colaboradores da Via Cristais será ampliado, com profissionais dedicados a serviços de monitoramento, resgate e atendimento pré-hospitalar.
A fiscalização na rodovia será intensificada, com o aumento da presença de viaturas em pontos estratégicos e o monitoramento contínuo por câmeras de segurança, visando um maior controle nas principais vias de tráfego.
Em casos de emergência, o apoio será rápido, com equipes técnicas posicionadas em locais estratégicos para ações preventivas e atendimento imediato.
Recursos operacionais, como mais viaturas, equipes de apoio e unidades de atendimento emergencial, também serão reforçados, assim como o efetivo humano e material nas rotas de maior movimento. Todas essas ações serão coordenadas em conjunto com a Polícia Rodoviária Federal (PRF) para assegurar a segurança viária e a fluidez do trânsito.
Atenção e Prudência: Chaves para uma Viagem Segura
A Via Cristais reforça a necessidade de os motoristas redobrarem a atenção aos cuidados com a segurança. Segundo órgãos como a PRF, a imprudência e a desatenção são as principais causas de acidentes de trânsito. Comportamentos perigosos como excesso de velocidade, uso do celular ao volante, dirigir sob efeito de álcool ou drogas e ultrapassagens indevidas são frequentemente citados.
Fabiano Xavier, gerente de Operações da Via Cristais, destaca a importância da direção consciente e oferece dicas essenciais para quem vai pegar a estrada, especialmente em viagens de longa distância:
- Revise o Veículo: Antes de sair, verifique documentos, freios, pneus (incluindo o estepe), luzes e faróis, além dos níveis de óleo e água.
- Planeje Paradas: Faça pausas a cada 2 horas ou 200 km para descansar, esticar as pernas e se hidratar.
- Planeje o Roteiro: Consulte a previsão do tempo, abasteça o veículo antes de iniciar a viagem e organize o trajeto, considerando possíveis alternativas de rota.
- Sem Celular ao Volante: Evite distrações. Use o modo "dirigindo" no seu aparelho.
- Não Dirija com Sono ou Sob Efeito de Substâncias: Esteja em sua melhor condição física e mental para dirigir.
- Alimente-se com Moderação: Prefira lanches leves e evite refeições pesadas.
- Respeite Limites e Sinalização: A segurança deve sempre vir antes da pressa.
- Use o Cinto de Segurança: É obrigatório para todos os ocupantes do veículo, inclusive no banco de trás. Para crianças, o uso de cadeirinhas é indispensável, de acordo com idade, altura e peso.
Mantenha Distância Segura e Respeite os Limites de Velocidade: Isso proporciona tempo de reação para imprevistos e evita colisões por distração ou frenagens bruscas.
Em caso de necessidade, os usuários da BR-040 podem entrar em contato com a Via Cristais pelo telefone 0800 070 0040, que também é acessível a pessoas com deficiência auditiva. Informações atualizadas sobre as condições da rodovia estão disponíveis no site da concessionária: viacristais.com.br.
A Via Cristais reforça: "Atenção: seu bem maior é a vida!"
O Sine Ribeirão das Neves divulgou as vagas de emprego disponíveis no órgão.
São vagas para Auxiliar de Produção, Consultor de Vendas, Manobrista, Serviços Gerais, Analista de Operação e Batedor de Massa.
O Grupo Actual está contratando profissional da área de logística.
O cargo é em parceria com a ID Logística, que atua no município e possui carga horária diversas sendo de 7h às 19h ou de 19h às 7h, com escala de 3×2.
Além disso, possui benefícios como ônibus fretado ou a opção de vale transporte, refeição no local e seguro de vida.
A vaga é para trabalhar no distrito industrial de Ribeirão das Neves, na Avenida Eduardo Brandão.
Interessados podem enviar currículo até o dia 30 de junho para o telefone (19) 99324-4217.
Mais vagas de emprego para os nevenses
O Sine de Ribeirão das Neves está com diversas oportunidades de emprego disponíveis!
Se você está em busca de uma nova colocação no mercado de trabalho, confira abaixo as vagas e aproveite essa chance.
AUXILIAR DE PRODUÇÃO
Requisitos:
• Experiência mínima de 6 meses
• Ensino médio completo
Salário: R$ 1.661,15
Benefícios:
• Vale-transporte
• Assistência médica
• Planos de cargos e salários
• Seguro de vida
• Transporte e alimentação fornecidos pela empresa
CONSULTOR DE VENDAS
• Experiência não exigida
• Ensino médio completo
Salário: R$1634,96+ Comissionamento
Benefícios:
• Vale-transporte
• Assistência Médica
• Planos de Cargos e salários
• Plano Odontológico
• Gympass
• Apoio Pass
MANOBRISTA
Requisitos:
• Experiência não exigida
• Ensino Fundamental Incompleto
• CNH B e habilidade em dirigir
Salário: R$ 1.769,19
Benefícios:
• Periculosidade R$ 530,75
• Vale-alimentação R$ 509,60
• Vale-transporte
• Seguro de vida
• Plano de saúde Unimed
• Plano odontológico Unimed
• Convênio academia
• Convênio faculdade
• Reconhecimento por desempenho
SERVIÇOS GERAIS
Requisitos:
• Experiência não exigida
• Ensino fundamental Incompleto
Salário: R$ 1.518,00
Benefícios:
• Periculosidade R$ 303,60
• Vale-alimentação R$ 509,60
• Vale-transporte
• Seguro de vida
• Plano de saúde Unimed
• Plano odontológico Unimed
• Convênio academia
• Convênio faculdade
• Reconhecimento por desempenho
ANALISTA DE OPERAÇÃO
Experiência não exigida
• Cursando superior
Salário: R$ 2.656,63
Benefícios:
• Vale transporte
• Participação nos lucros
• Ticket alimentação
• Seguro de vida
• Assistência medica
BATEDOR DE MASSA
Requisitos:
• Experiência não exigida
• Ensino fundamental incompleto
Salário: R$ 2.000,00
Benefícios:
• Vale-transporte
• Assistência Médica
Os interessados devem comparecer a um dos postos de atendimento com os seguintes documentos: carteira de trabalho, identidade e CPF.
Unidade Central
Rua Ari Teixeira da Costa, 1100 – Savassi
Telefones: (31) 3627-2580 / 3627-5628
Unidade Justinópolis
Rua Carmélia Loff, 85 – Centro
Telefone: (31) 3627-6533
Uma menina de 9 anos foi brutalmente atacada por um cão da raça Pitbull neste domingo (15) em Ribeirão das Neves.
O incidente, que deixou a criança ferida e a família em choque, reacende a preocupação com a segurança e o manejo de animais de grande porte com histórico de agressividade.
A vítima foi atacada por Jacob, um Pitbull de três anos que, segundo a família, já havia demonstrado comportamento agressivo em outras ocasiões.
A mãe da menina, em estado de choque, relatou ter encontrado a filha ensanguentada, gerando pânico imediato. Uma vizinha prestou socorro crucial, apesar do impacto da cena.
Diante da gravidade do ocorrido e da preocupação com a segurança de seus outros filhos, a família busca auxílio urgente para a remoção e contenção do animal.
Confira a nota da prefeitura:
"A Prefeitura de Ribeirão das Neves, por meio de uma equipe técnica, composta por veterinários, das Secretarias Municipais de Saúde e Meio Ambiente, esteve nesta segunda-feira, dia 16, na residência de uma moradora no bairro Fazenda Castro, região do Veneza, para avaliar a situação de um animal da raça American Bully que apresentou comportamento agressivo.
Durante a visita, foi constatado que o animal está arredio, mas se encontra contido de forma segura em um canil coberto e ventilado. Foi realizado o teste para leishmaniose, com resultado negativo. A família informou que o animal está com eles desde filhote.
A equipe técnica segue monitorando a situação e realizou uma série de orientações sobre o manejo seguro do animal. O cuidador principal, que é o marido da moradora, retorna ainda hoje à residência e, junto a ele, será avaliado o destino mais adequado para o animal, com a possibilidade de encaminhamento para adoção.
A Prefeitura reforça que o acompanhamento continuará sendo realizado para garantir o bem-estar do animal e a segurança dos moradores."
Resumo
Este artigo apresenta os resultados de uma pesquisa qualitativa realizada no Quilombo Irmandade Nossa Senhora do Rosário de Justinópolis, na cidade de Ribeirão das Neves/MG, com o objetivo de compreender de que forma a participação de crianças e adolescentes nas atividades culturais, sociais e educacionais contribui para a construção de sua identidade e senso de pertencimento. Por meio de entrevistas, observações participantes e aplicação de questionários, foram ouvidas crianças e adolescentes quilombolas entre 6 e 15 anos. Os resultados revelam que a vivência no quilombo se dá de forma orgânica e voluntária, fortalecendo o vínculo comunitário e a valorização das tradições ancestrais. A análise demonstra que a cultura vivida e transmitida no espaço do quilombo desempenha papel fundamental na formação subjetiva dessas juventudes e aponta para a urgência de políticas públicas que reconheçam e apoiem essas experiências.
Palavras-chave: Educação quilombola; Juventude; Patrimônio cultural imaterial; Identidade; Pertencimento.
Foto: Rodolfo Ataíde
Introdução
As comunidades quilombolas representam importantes territórios de resistência, ancestralidade e afirmação cultural da população negra no Brasil. Com o passar das gerações, esses espaços têm se mantido vivos não apenas pela presença dos mais velhos, mas também pelo protagonismo das crianças e adolescentes que neles vivem e atuam. O Quilombo Irmandade Nossa Senhora do Rosário de Justinópolis, situado em Ribeirão das Neves/MG, é um exemplo concreto de como a cultura e os saberes tradicionais continuam a ser transmitidos e atualizados pelas novas gerações.
Diante de um cenário em que as infâncias negras são constantemente invisibilizadas nos discursos educacionais e culturais hegemônicos, este estudo busca lançar luz sobre as práticas e percepções dos jovens quilombolas, valorizando suas narrativas e vivências. Parte-se do pressuposto de que a participação ativa em diversas formas de expressão coletiva constitui um importante processo de construção identitária e fortalecimento de vínculos comunitários.
Assim, este artigo tem como objetivo investigar de que forma se dá a participação de crianças e adolescentes nas atividades do Quilombo, buscando compreender os sentidos que atribuem às suas vivências nesse espaço. Pretende-se também analisar as possíveis relações entre os saberes tradicionais e o universo escolar, bem como entender por que, mesmo diante de tantas oportunidades externas — como jogos, internet e outras manifestações culturais —, essas crianças e adolescentes continuam engajados nas práticas quilombolas.
Metodologia
A pesquisa adotou uma abordagem qualitativa, centrada na escuta e na observação participante como forma de acessar significados e experiências. O trabalho de campo foi realizado no Quilombo Irmandade Nossa Senhora do Rosário de Justinópolis/MG, espaço de referência histórica e cultural de Ribeirão das Neves.
Foram entrevistadas 11 crianças e adolescentes quilombolas, com idades entre 6 e 15 anos, também foram feitas observações durante atividades culturais, como o Congado, as festas tradicionais, a capoeira e celebrações religiosas, além de diálogos informais com membros da comunidade. O material empírico foi analisado a partir da técnica de análise de conteúdo, com o intuito de identificar categorias relacionadas à identidade, pertencimento e educação.
Referencial Teórico
A educação em contextos quilombolas vai além dos limites da escola formal. Trata-se de uma prática cotidiana de resistência e de preservação de saberes, que envolve valores, espiritualidade, oralidade e coletividade. Segundo Nilma Lino Gomes (2007), pensar a educação quilombola é reconhecer a centralidade da cultura e da ancestralidade na formação do sujeito negro, especialmente na infância, quando os vínculos com o território e com as práticas tradicionais são intensamente construídos.
No mesmo sentido, Brandão (2007) destaca que a educação popular é um instrumento potente para fortalecer o sentimento de pertencimento das populações às suas histórias e territórios, sendo essencial nos processos de valorização das culturas afro-brasileiras. Ela deve ser compreendida como parte de uma pedagogia da ancestralidade, onde o aprender ocorre na relação com os mais velhos, nas práticas coletivas e nos rituais que marcam a vida comunitária.
A infância quilombola, nesse contexto, não é apenas um momento de passagem, mas um tempo de protagonismo na manutenção das tradições. Caldart (2004) afirma que as comunidades tradicionais educam por meio da convivência, da participação ativa e da oralidade. Nesse sentido podemos pensar que é nesse convívio que os mais jovens aprendem o respeito, os saberes do congado, os cantos e os gestos que sustentam a identidade do Quilombo.
A construção da identidade, conforme Stuart Hall (2006), não é um processo fixo, mas uma construção contínua, especialmente nas comunidades que vivem sob múltiplas pressões sociais. Para as crianças e adolescentes quilombolas, essa identidade se forja na convivência com a cultura local, mas também em diálogo (por vezes em tensão) com os espaços institucionais, como a escola. Muitos jovens vivem o desafio de transitar entre dois mundos: o da escola, com sua estrutura eurocentrada e muitas vezes excludente, e o do quilombo, onde sua identidade é afirmada e reconhecida.
Dessa forma, compreende-se que a participação de crianças e adolescentes nas atividades culturais do Quilombo Irmandade Nossa Senhora do Rosário é parte constitutiva de seu processo de formação como sujeitos históricos, sociais e políticos. Ao participarem do congado, dos rituais, cantarem, cozinharem e cuidarem do espaço, esses jovens não apenas preservam a tradição, mas atualizam-na com suas próprias experiências e sentidos.
Apresentação e Análise dos Resultados
1. Participação nas atividades culturais e o protagonismo infantil
Todos os participantes relataram que frequentam o quilombo desde que nasceram e que sua participação nas atividades culturais é contínua e espontânea. Entre as atividades mencionadas, o Congado destacou-se como a principal manifestação, sendo praticada por todos os entrevistados. Também foram citadas outras práticas, como o Coral, a Capoeira, a Folia de Reis e o auxílio em tarefas cotidianas, como a limpeza e o preparo de alimentos.
Esse envolvimento direto revela uma vivência comunitária que se distancia da lógica da imposição. A participação das crianças ocorre de forma orgânica e prazerosa, como demonstrado por uma das falas: “Pra mim aqui é tudo perfeito. A gente aprende com os mais velhos, pode brincar com outras crianças, participar das festas”. Como aponta Caldart (2004), essa integração entre gerações é um dos fundamentos da educação em comunidades tradicionais, em que os sujeitos aprendem fazendo junto.
Vale destacar que, tanto pelas observações realizadas quanto pelas conversas com as crianças e adolescentes, ficou evidente que eles não estão isolados das experiências externas ao Quilombo. Pelo contrário, têm acesso a tecnologias, como celulares e internet, consomem conteúdos da mídia, participam de eventos e interações para além dos limites territoriais e culturais da comunidade. Ou seja, vivem plenamente a contemporaneidade, com todas as suas múltiplas influências e estímulos.
No entanto, mesmo diante dessa ampla exposição ao mundo externo, chama atenção o fato de que esses eles não apenas continuam participando ativamente das práticas tradicionais do Quilombo, como também demonstram grande valorização por elas. Há um reconhecimento, por parte das crianças e adolescentes, da importância dos saberes ancestrais, das práticas culturais e dos rituais comunitários na construção de suas identidades e no fortalecimento dos vínculos afetivos e coletivos.
Esse movimento revela uma convivência possível e potente entre tradição e modernidade, em que a presença das tecnologias e das dinâmicas contemporâneas não anula o valor das práticas ancestrais. Trata-se, portanto, de uma juventude que transita entre diferentes mundos, mas que escolhe, com orgulho e afeto, manter viva a memória e a história de sua comunidade.
2. Sentidos atribuídos à experiência no quilombo
Ao serem perguntados sobre o que aprendem no Quilombo, os jovens destacaram valores como respeito ao próximo, respeito às religiões, aprendizados com os avós, canto, dança, instrumentos musicais, capoeira, conhecimento dos fundamentos do Congado e ancestralidade. Uma das respostas que se destacou foi: “No Quilombo a gente aprende a respeitar os mais velhos e nem sempre fazer o que você quer pois nem sempre é o certo”.
Tais relatos indicam que o quilombo funciona como um espaço formativo no qual se constroem não apenas habilidades culturais, mas também dimensões éticas e relacionais, muitas vezes negligenciadas pelos currículos escolares. Isso reforça a análise de Brandão (2007) e Gomes (2007) sobre o papel da cultura como eixo estruturante da educação em territórios tradicionais.
3. Quilombo e escola: intersecções e distâncias
Apesar de todos os participantes frequentarem a escola formal, as respostas indicam uma percepção clara de diferença entre os dois espaços. A maioria afirmou que não fala sobre o Quilombo na escola, ainda que alguns gostariam de fazê-lo. Entre os motivos, destacam-se o medo do preconceito e a sensação de que “lá não se fala sobre a nossa cultura”.
Houve também quem expressasse desejo de que os colegas conhecessem o Quilombo. A vivência na escola é associada a conteúdos “das matérias”, enquanto o Quilombo é percebido como um espaço que “ensina para a vida”. Esse contraste reforça a pouca representatividade da cultura afro-brasileira nos currículos escolares.
4. Afetos e pertencimento
Quando perguntados sobre como se sentem ao participar das atividades do quilombo, a resposta mais recorrente foi “paz”. Esse dado chama atenção justamente por contrastar com a concepção mais comum e difundida do termo, muitas vezes associada à ideia de silêncio, tranquilidade e ausência de agitação. No entanto, as práticas vivenciadas no Quilombo estão longe de serem silenciosas: são marcadas pelo som intenso dos tambores, pelas festas animadas, pelas rezas entoadas em coro, pelas cantorias vibrantes e pelos encontros coletivos repletos de movimento e expressão.
Ainda assim, é nesse ambiente pulsante que os jovens afirmam encontrar paz. Isso revela uma dimensão subjetiva e relacional do conceito, que se afasta da noção eurocêntrica de paz como quietude e retraimento. Para eles, a paz está no pertencimento, na conexão com os ancestrais, na partilha de saberes, na liberdade de ser e de estar com os seus. É uma paz que se constrói na coletividade, na ancestralidade viva e nas práticas culturais que resistem e se renovam.
Além da paz, muitos também mencionaram sentimentos como alegria, leveza e uma espécie de energia inexplicável que o lugar proporciona. Alguns relataram que as atividades os acalmam, mesmo quando envolvem movimento e som. Isso reforça a ideia de que o Quilombo é vivido como um espaço de acolhimento, de proteção simbólica e afetiva, onde é possível experienciar bem-estar e equilíbrio emocional, ainda que em meio à efervescência das expressões culturais afro-brasileiras.
O sentimento de pertencimento é notável, como na fala de um menino de 9 anos: “Eu nasci aqui, cresci aqui e pretendo morrer aqui”. A força dessa identidade comunitária evidencia o papel do quilombo como referência afetiva e cultural insubstituível. Conforme Hall (2006), a identidade cultural é construída no entrelaçamento das vivências, símbolos e práticas que fazem sentido para os sujeitos.
5. Tradição, continuidade e futuro
Todos os entrevistados afirmaram que consideram as tradições do quilombo importantes para suas vidas e que pretendem transmiti-las para seus filhos. Isso demonstra uma conexão intergeracional sólida, sustentada não por obrigações externas, mas por um vínculo afetivo e simbólico com o território e suas práticas.
Curiosamente, nenhum dos jovens apontou desafios para participar das atividades do quilombo, tampouco mencionou que sua presença ali fosse forçada. Em tempos de dispersão digital e ofertas massivas de entretenimento externo, o engajamento espontâneo desses jovens com a cultura de seus ancestrais evidencia uma profunda valorização das raízes e do coletivo.
Considerações Finais
A pesquisa realizada no Quilombo Irmandade Nossa Senhora do Rosário de Justinópolis revela que a participação de crianças e adolescentes nas atividades culturais, sociais e educacionais do território se dá de maneira espontânea, afetiva e profundamente enraizada. Mais do que espaços de reprodução cultural, as práticas vividas no Quilombo se constituem como verdadeiros processos formativos, nos quais os jovens constroem sua identidade, desenvolvem senso de coletividade e fortalecem o pertencimento à sua ancestralidade.
Ao contrário do que muitas vezes é retratado nos discursos hegemônicos, essas infâncias não são passivas nem distantes das tradições: são protagonistas da continuidade cultural. A educação que se dá no quilombo é viva, prática, comunitária, e dialoga com valores éticos, religiosos e históricos que estruturam a vida em comunidade.
O contraste com a escola formal evidencia as lacunas da educação tradicional em relação à valorização da diversidade cultural e do reconhecimento das histórias negras no Brasil. Mesmo com esse distanciamento institucional, os jovens quilombolas resistem e reafirmam, em suas falas e práticas, o orgulho de pertencer ao Quilombo e o desejo de manter vivas suas tradições.
Esse estudo aponta, portanto, para a necessidade urgente de políticas públicas que respeitem e valorizem os saberes das comunidades tradicionais, especialmente no campo da educação. O reconhecimento do papel formativo dos quilombos pode contribuir para uma educação mais plural, inclusiva e conectada à realidade dos povos que historicamente têm sido silenciados.
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Referências Bibliográficas
● BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é educação popular. São Paulo: Brasiliense, 2007.
● CALDART, Roseli Salete. Pedagogia do movimento sem terra. Petrópolis: Vozes, 2004.
● GOMES, Nilma Lino. Educação e identidade negra: pesquisa e práticas pedagógicas em espaços escolares e não-escolares. In: GOMES, Nilma Lino. Educação, identidade negra e formação de professores. Belo Horizonte: Autêntica, 2007.
● HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. Rio de Janeiro: DP&A, 2006.
● UNESCO. Diretrizes para a educação intercultural. Paris: UNESCO, 2006.
ESTE ARTIGO FOI FINANCIADO PELA LEI ALDIR BLANC ATRAVÉS DO EDITAL N° 118/2024 NOS TERMOS DA LEI Nº 14.399/2022 (PNAB), DO DECRETO N. 11.740/2023 (DECRETO PNAB) E DO DECRETO 11.453/2023 (DECRETO DE FOMENTO), DO MUNICÍPIO DE RIBEIRÃO DAS NEVES.
A Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social e Cidadania de Ribeirão das Neves, por meio do programa Capacita Neves, anuncia a abertura de inscrições para o curso gratuito de Assistente de Logística. A iniciativa, realizada em parceria com o Senac Minas, oferece 26 vagas e visa qualificar profissionais para atuação em um setor com crescente demanda no mercado de trabalho.
As inscrições estarão disponíveis no período de 04 de junho a 26 de julho de 2025. Os interessados devem se inscrever exclusivamente por meio do formulário online, acessível através do link disponível no site da Prefeitura
O curso é direcionado a maiores de 18 anos e tem previsão de início das aulas em 04 de agosto de 2025, com término previsto para o final de setembro. As aulas ocorrerão de segunda a sexta-feira, das 13h às 17h, na sede do Capacita Neves, localizada na Rua Carmélia Loff, 195, Centro de Justinópolis.
A capacitação em Assistente de Logística busca oferecer aos participantes conhecimentos práticos essenciais para ingressar ou se aprimorar nesse segmento em constante expansão. O conteúdo será ministrado por instrutores especializados do Senac Minas, o que representa uma oportunidade para o desenvolvimento profissional e o aumento das chances de empregabilidade.
Serviço:
Curso: Assistente de Logística
Inscrições: De 04 de junho a 26 de julho de 2025
Período do curso: De 04 de agosto a 29 de setembro de 2025
Horário: Segunda a sexta-feira, das 13h às 17h
Local: Capacita Neves – Rua Carmélia Loff, 195 – Centro de Justinópolis
A Secretaria Municipal de Saúde e a Prefeitura de Ribeirão das Neves informam o início das atividades do Vacimóvel no município. O veículo, adaptado para o armazenamento e aplicação de vacinas, tem como objetivo principal expandir a cobertura vacinal e contribuir para a proteção da população contra diversas doenças.
Neste mês de junho, o Vacimóvel concentrará em diversas escolas estaduais da cidade, atendendo a uma demanda da Secretaria de Estado de Saúde. A iniciativa visa imunizar estudantes da rede estadual, faixa etária considerada prioritária para o aumento das taxas de vacinação. Este projeto complementa o Programa de Saúde na Escola (PSE), já em andamento nas escolas municipais.
Para a vacinação, é indispensável a apresentação de documento de identidade, CPF ou Cartão SUS, e o cartão de vacina. No caso de estudantes, além dos documentos mencionados, será exigido o Termo de Autorização de Vacinação, devidamente assinado pelos pais ou responsáveis legais.
Confira o cronograma do Vacimóvel nas Escolas Estaduais de Ribeirão das Neves:
04/06: Escola Estadual Maria da Glória Assunção
05/06: Escola Estadual do Bairro Rosaneves
09/06 e 10/06: Escola Estadual Antônio Rigueira da Fonseca
12/06: Escola Estadual Nossa Senhora das Neves
13/06: Escola Estadual João Gonçalves Neto
16/06 e 17/06: Escola Estadual João Corrêa Armond
23/06 e 24/06: Escola Estadual Pedro de Alcântara Nogueira
27/06 e 30/06: Escola Estadual José Bonifácio Nogueira
Atendimento em Bairros da Cidade:
Além da programação nas escolas, o Vacimóvel também realizará atendimentos em bairros para alcançar a população em geral.
18/06: Bairro Paraíso das Piabas, na região de Justinópolis. O atendimento será na Rua José Maria de Menezes, 60, próximo à entrada do Monte de Oração.
26/06: Bairro Belvedere, também na região de Justinópolis. O veículo estará na Rua Manoel Luciano Pio, 701.
Nos atendimentos nos bairros, o serviço estará disponível das 9h às 16h.
A Secretaria Municipal de Saúde reitera a importância da vacinação como medida fundamental para a prevenção de doenças e a manutenção da saúde pública. A colaboração da população, comparecendo com a documentação necessária, é essencial para o sucesso da campanha.
O RibeiraoDasNeves.net é atualmente o maior site de conteúdo de Ribeirão das Neves. Nosso principal objetivo é oferecer diariamente aos nossos leitores informação de utilidade pública e imparcial.
No ar desde janeiro de 2009, o portal é a maior referência na internet para assuntos relacionados ao município.
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