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patrimônio

  • Além da pedra e cal: o patrimônio cultural como memória viva de Ribeirão das Neves


    Quando falamos em patrimônio cultural, muitas vezes nos vêm à mente imagens de igrejas barrocas, casarões antigos ou objetos preservados em museus. No entanto, esse conceito vai muito além da pedra e cal. O patrimônio cultural é, acima de tudo, um campo vivo, dinâmico, que abrange não apenas os bens materiais, mas também as práticas, saberes, rituais, linguagens e modos de vida que compõem o tecido simbólico de uma sociedade.
    Em Ribeirão das Neves, essa reflexão ganha contornos ainda mais urgentes. Nossas escolas ensinam — e com razão — sobre o patrimônio histórico do Brasil e do mundo. Mas e quanto à história que se desenrola aqui mesmo, nas ruas, vielas, praças e feiras da nossa cidade? Quantas crianças e jovens conhecem as origens do lugar onde vivem, as tradições locais, os personagens invisibilizados que ajudaram a construir nossa identidade?
    Reafirmar a importância do patrimônio cultural nevense é um gesto político e poético. É reconhecer que, para além dos estigmas históricos e do imaginário que nos reduz a uma cidade-prisão, Ribeirão das Neves pulsa cultura em cada canto. O patrimônio aqui também se expressa nas festas populares, nas receitas tradicionais, nos versos do rap local, nas histórias, na poesia, no quilombo, nas praças e espaços culturais, nos terreiros, nos grupos de dança, nas práticas religiosas, nos ofícios passados entre gerações. Tudo isso compõe a alma de uma cidade.
    Valorizar esse patrimônio imaterial — aquilo que não se toca, mas se sente — é também valorizar as pessoas. O morador que conta histórias da urbanização da cidade, a mestra do congado que resiste com fé e tambor, o educador que transforma o cotidiano com afeto e criatividade. Todos são guardiões de um saber que não está nos livros, mas que habita o corpo, a fala e a memória.
    Mapear e compartilhar essas narrativas é mais do que um exercício acadêmico ou cultural: é um ato de justiça. E é nesse movimento que ações como a oficina “Nossas Histórias, Nosso Patrimônio: narrativas compartilhadas”, realizada no dia 5 de abril na Casa Semifusa, assumem um papel central. Fruto do edital 113/2024 da Prefeitura de Ribeirão das Neves, no âmbito da Política Nacional Aldir Blanc (PNAB) — instituída pela Lei 14.399/2022 —, a atividade propôs um encontro entre memória e presente, escuta, e criação coletiva.
    A oficina foi uma oportunidade de lançar um olhar mais atento para o que nos constitui como comunidade: os gestos cotidianos, as lembranças que resistem ao tempo, as vozes que costuram o passado e o futuro da cidade. E tudo isso com o apoio de uma política pública construída em parceria entre a União, Estados, Municípios e o Distrito Federal, que reafirma o compromisso com a diversidade cultural e com a democratização do acesso à cultura em todas as regiões do país.
    Para quem quiser conhecer melhor os materiais produzidos e as reflexões compartilhadas durante esse momento, os links estão disponíveis ao final deste artigo.
    Pensar políticas públicas que contemplem a educação patrimonial, que incentivem a escuta das comunidades e a valorização dos saberes locais é fundamental. Só assim poderemos construir uma cidade mais justa, com memória, identidade e pertencimento.
    Ribeirão das Neves não é só pedra e cal. É também corpo, voz, dança, reza, resistência e sonho. Identificar, mapear e compartilhar esse patrimônio é também um gesto de resistência: é preservar a alma coletiva de Ribeirão das Neves — seus afetos, suas lutas, seus saberes e a potência viva de ser quem se é, apesar dos apagamentos.
    Link para download ebook https://shre.ink/MD32
    Arquivo Narrativas Compartilhadas - https://heyzine.com/flip-book/56cff31916.html

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  • Quilombo de Justinópolis está dois anos sem abrir a Igreja e exige providências da Prefeitura


    Entidade centenária que representa a luta e resistência do povo negro, sofre com descaso da Prefeitura de Neves


    O dia 20 de Novembro ganha destaque como uma oportunidade para a sociedade refletir sobre as raízes históricas afrodescendentes e os desafios impostos pelo racismo no cotidiano. Enquanto alguns celebram a data, outros destacam questões mais complexas relacionadas ao tema.


    Neste dia, o Quilombo de Justinópolis reitera sua batalha contínua com a prefeitura municipal, uma luta que se prolonga por anos sem solução. A comunidade enfrenta a proibição de realizar suas celebrações e outras atividades dentro da capela de Nossa Senhora do Rosário devido a problemas recorrentes no teto da igreja.


    Em 2017, o desabamento do teto durante uma forte chuva levou à interdição do local pela defesa civil. Desde então, inúmeras tentativas junto ao Conselho Municipal de Patrimônio Histórico e à prefeitura foram feitas. Em 2018, iniciou-se um processo de manutenção no teto, porém, a reforma do telhado não foi conduzida adequadamente, resultando em um novo desabamento em 2022. Após nova notificação, a prefeitura refez o teto em gesso, mas a manutenção inadequada do telhado persiste, colocando a comunidade em risco iminente. Até o momento, a prefeitura não forneceu respostas nem previsões para os necessários reparos.


    O Capitão Dirceu Ferreira destaca que desde 2017 apenas uma festa foi possível realizar dentro da capela, representando uma significativa perda para a comunidade. “Na semana da festa em 2017, houve uma chuva e a defesa civil lacrou a igreja, desde então estamos lutando para retomar nossa festa”, ressalta.


    O Quilombo de Justinópolis, reconhecido pelo governo federal desde 2016, possui a Festa de Nossa Senhora do Rosário registrada como patrimônio cultural imaterial desde 2013, tornando o investimento, por parte da prefeitura, obrigatório na preservação deste local histórico.


    Dirceu salienta a existência do recurso do Fundo do Patrimônio Histórico no município, destinado precisamente a tais atividades, porém, esse recurso nunca chegou à comunidade. Isso inclui até mesmo a falta de verba para a divulgação da festa, evidenciando um descaso por parte do poder público municipal. “O Conselho do Patrimônio já aprovou a realização da obra, o recurso já existe, mas a Prefeitura está protelando a obra”, lembra Ferreira.


    Sobre os quilombos:


    De acordo com o site Mundo Educação, os quilombos eram comunidades formadas no Brasil durante o período colonial por africanos escravizados e/ou seus descendentes. Esses locais eram entendidos como espaços de resistência, onde escravos fugidos buscavam uma vida em liberdade, estabelecendo laços comerciais com moradores próximos e reconstruindo um estilo de vida semelhante ao que tinham na África.


    Embora os quilombos atuais sejam formados por descendentes de escravos quilombolas, que buscam manter tradições e culturas vivas, a luta por acesso à terra e a busca por um estilo de vida sustentável continuam.


    Mais antigo que a própria cidade, o Quilombo de Justinópolis, faz parte dos 70 anos de emancipação política e administrativa de Ribeirão das Neves, resistindo e enfrentando o preconceito, desde o tempo em que o local se chamava Campanhã.

     

    A Prefeitura através de nota, confira a íntegra:

    "Em 2021, quando a irmandade Nossa Senhora do Rosário sofreu com a queda do telhado da igreja, recebemos a solicitação de ajuda. A secretaria de Esporte e Cultura de Ribeirão das Neves se mobilizou para atender a solicitação.


    Sendo assim, abrimos uma licitação para a obra, considerando as necessidades e avarias do prédio, e a obra foi iniciada em 2021 e concluída em 2022, seguindo o cronograma estabelecido na licitação e sempre acompanhada pelos técnicos da secretaria e pela irmandade.


    Com a obra concluída, os responsáveis pela irmandade receberam um manual com instruções de manutenção para preservar a obra.

    Infelizmente, por falta de manutenção e o alto volume de chuvas, o prédio voltou a apresentar problemas.


    É importante ressaltar que mesmo não sendo de responsabilidade da nossa secretaria essa manutenção, nossas portas sempre estiveram abertas e nossa equipe disposta a ajudar.

    Tanto que abrimos um pedido de fiscalização que foi constatado que os problemas surgiram por falta de manutenção. Inclusive, todos esses documentos estão nesta pasta e podem ser consultados por quem desejar.


    Mas como nosso objetivo sempre será preservar o nosso patrimônio cultural, nossa equipe mais uma vez se mobilizou e conseguiu com que a empresa, (que já não tinha obrigações com a gente, uma vez que entregou o que se propôs), se prontificasse para atender as necessidades da irmandade, o que já está programado para iniciar na proxima semana. Inclusive alinhado com a irmandade.


    Sobre a Festa, em todos os momentos, estivemos e estamos disponíveis para atender. Mesmo porque também é do nosso interesse que a festa aconteça da melhor forma possível, considerando que essa é uma manifestação cultural que nos ajuda a contar a história do nosso município.


    Mas, a marca do nosso governo é a responsabilidade com a administração pública e é exatamente essa característica que nos fez ir tão longe.


    Estamos com o processo administrativo aberto, seguindo as diretrizes das legislações vigentes. O que precisamos agora é que o presidente da irmandade Nossa Senhora do Rosário preencha e assine da forma que é determinada por lei, para que assim, possamos seguir com o processo.


    Esclarecido o ocorrido, volto a ressaltar que a Irmandade Nossa Senhora do Rosário é um Patrimônio cultural para nossa cidade e que nossa secretaria e equipe, seguem de portas abertas e disponíveis para ajudar e orientar no que for preciso. Queremos celebrar essa festa. E que a Irmandade continue nos ajudando a escrever a história da nossa cidade.

    Somos de Ribeirão das Neves, amamos Ribeirão das Neves e vamos continuar trabalhando para todos!

    Segue complemento da resposta anterior:

    Referente a situação atual da reforma da igreja da comunidade Nossa Senhora do Rosário, na semana passada, a empresa concluiu a limpeza, manutenção e troca das calha e aguardou até a próxima chuva, que no caso ocorreu na noite de ontem, 19/11, para ter certeza que foram sanadas as infiltrações. Agora o próximo passo é a troca do gesso, inclusive as placas já foram encomendadas.
    Quanto ao repasse do recurso do fundo, a secretaria segue aguardando as documentações que são exigidas, conforme determinação por lei. A secretaria já oficializou o pedido e os responsáveis pela irmandade, já estão cientes.


    Atenciosamente;
    Assessoria de Comunicação."

    Matéria atualizada no dia 20/11/2023 às 19h57

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